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LISBOA, 15 Abr (Reuters) – O governo de Portugal reduziu a sua previsão de crescimento económico para 2021 de 5,4% para 4%, disse o Ministro das Finanças na quinta-feira, após um severo agravamento da pandemia de coronavírus no início deste ano ter forçado um confinamento a nível nacional com duração superior a dois meses.
João Leão também disse numa conferência de imprensa que o défice orçamental deverá atingir 4,5% do Produto Interno Bruto este ano, acima dos 4,3% anteriormente previstos.
O Banco de Portugal estimou em Março um crescimento de 3,9% este ano.
As novas estimativas foram apresentadas no Programa de Estabilidade, avaliando o impacto das restrições provocadas pela pandemia no crescimento, que devem ser apresentadas à Comissão Europeia como parte dos planos económicos dos membros da UE.
“O efeito da terceira vaga da pandemia forçou um confinamento e encerrou muitas actividades, mas a nossa previsão é de que haverá uma forte recuperação no segundo semestre do ano”, disse Leão.
O aumento das exportações e do investimento graças ao programa europeu de recuperação deverá impulsionar o crescimento do PIB para 4,9% no próximo ano, permitindo à economia atingir o seu nível de actividade pré-pandémico, afirmou.
A economia portuguesa, que é muito dependente do turismo, contraiu-se 7,6% em 2020, a recessão económica mais acentuada desde 1936. O défice aumentou para 5,7% do PIB, um golpe logo após o país ter atingido o seu primeiro superavit em pelo menos quatro décadas, de 0,1%, em 2019.
A nação de 10 milhões de pessoas foi particularmente atingida pela terceira vaga da pandemia, experimentando o que era então o pior surto de coronavírus do mundo, e está agora gradualmente a aliviar as rigorosas medidas de confinamento impostas em meados de Janeiro.
Leão disse que Portugal iria manter uma política económica “responsável”, com o objectivo de baixar o défice para 3,2% do PIB em 2022 e 3% em 2021, ao mesmo tempo que cortaria gradualmente o rácio da dívida para menos de 120% do Produto Interno Bruto em 2024, a partir de um recorde de 133,7% em 2020.
Também disse que o governo manteria os incentivos para reter e criar empregos e para apoiar o investimento.
“A recuperação será feita sem recurso à austeridade como na crise anterior, e com estabilidade fiscal”, disse Leão.
Texto integral em inglês: (Por Sergio Goncalves; Editado por Andrei Khalip; Traduzido por Mariana Ferreira Azevedo; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)