NOVA 1-Centeno diz Europa tem ser mais imaginativa, ponderar impostos europeus


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(Acrescenta citações Mário Centeno)

Por Sergio Goncalves e Catarina Demony

LISBOA, 16 Abr (Reuters) – A Europa tem de ser mais imaginativa para enfrentar a crise económica gerada pelo surto do coronavírus e ponderar a criação de impostos de âmbito europeu, disse Mário Centeno, presidente do Eurogrupo.

Numa audição no Parlamento português, o também ministro das Finanças de Portugal, disse que, actualmente, como fontes de financiamento para a Europa lidar com a crise, há a proposta francesa através de emissão de dívida; bem como através do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia.

Em ambos os casos, os custos seriam pagos no futuro “responsavelmente por todos os países das Europa”.

“Mas, é evidente que podemos ser mais imaginativos. Tem havido um enorme debate na Europa e em outros foruns internacionais, como por exemplo na OCDE, sobre impostos que possam ter uma natureza europeia”, disse Mário Centeno.

No entanto, Centeno não explicitou a que tipo de impostos se refere, nomeadamente se serão impostos sobre gigantes tecnológicos, transacções financeiras, ou grandes poluidores – um tipo de tributação que o Governo português defendeu no passado.

O presidente do Eurogrupo adiantou que a Europa está “num momento em que os velhos livros de economia ensinam pouco sobre como reagir à crise”.

“Ficar preso às doutrinas passadas e às visões de outros contextos de crises de dívidas soberanas passadas, ou de acrimónias entre países, não faz parte da resposta neste momento”.

Centeno disse que Portugal continua a apoiar a emissão conjunta de dívida – vulgarmente conhecido por eurobonds – para combater as conseqüências económicas da epidemia de coronavírus.

Embora os ministros das finanças dos países da zona euro tenham concordado com um pacote de resgate imediato no valor de 500 mil milhões de euros, os Estados membros estão divididos em como financiar a recuperação económica subsequente.

A França propôs um Fundo de Recuperação que seria financiado através da emissão conjunta de dívida. O fundo pode representar cerca de 3% do produto interno bruto da UE, ou cerca de 420 mil ME.

Depois de tomar empréstimos no mercado, seria emprestado aos governos para que todos os países membros pudessem beneficiar de um custo de empréstimo baixo e igual para a recuperação.

(Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony)