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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 10 Dez (Reuters) – O esboço do plano de reestruturação do governo português para a companhia de bandeira em dificuldades TAP projecta cerca de 2.000 milhões de euros de auxílios estatais adicionais até 2024, enquanto milhares de postos de trabalho serão eliminados, disseram três fontes.
A TAP pediu ajuda estatal em Abril, depois da pandemia do coronavírus a obrigar a suspender quase todos os seus 2.500 voos semanais. NL5N2C42RS Comissão Europeia aprovou um empréstimo de resgate de 1,2 mil milhões de euros em Junho, condicionado à elaboração de um plano de reestruturação por Portugal para tornar a companhia aérea financeiramente viável a longo prazo, que o governo tem de enviar a Bruxelas esta quinta-feira.
Se Bruxelas aceitar o plano, a TAP terá vários anos para reembolsar a dívida, caso contrário terá reembolsá-la imediatamente, o que poderá levar a empresa à insolvência.
Uma fonte com conhecimento do documento, aprovado na madrugada de quarta-feira pelo governo, disse que o cenário base prevê um auxílio estatal adicional em torno de 2.000 ME através de empréstimos públicos ou garantidos pelo Estado até 2024.
Outra fonte disse que a ajuda estatal deverá atingir cerca de 1.000 ME já em 2021, apesar do orçamento de Portugal ter incluído garantias de apenas 500 milhões de euros.
Ele disse que mais 400 ME de ajudas estatais ocorrerão em 2022 e cerca de 300 ME em 2023 e também em 2024.
A primeira fonte disse que a TAP alcançará o ‘breakeven’ de lucro líquido em 2025, em comparação com um prejuízo de 701 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020 devido à pandemia do coronavírus.
O Ministério das Infraestruturas e a TAP não quiseram comentar.
A TAP, que em 2019 tinha mais de 10.000 trabalhadores, já cortou 1.200 postos de trabalho e mais 400 vão sair da empresa até ao final do ano.
Mas a primeira fonte disse que cerca de pelo menos 2.000 trabalhadores adicionais deverão ser despedidos, incluindo 500 pilotos. Não está claro quantos deles serão simplesmente demitidos e quantos não renovarão os contratos temporários atuais.
Disse que haverá também um corte de até 25% nos salários dos trabalhadores que permanecerem na empresa, mas os salários mais baixos não serão afetados.
Uma terceira fonte disse que o plano prevê que a TAP reduza a sua frota para menos de 90 aeronaves contra as pouco mais de 100 que tem agora, devendo encerrar cerca de um quarto das rotas devido à redução da procura global de viagens.
Antes da pandemia afectar a aviação aérea global, a TAP voava para mais de 90 cidades em 30 países, especialmente na Europa, Brasil, países africanos de língua portuguesa e EUA.
Nos primeiros nove meses de 2020, a TAP transportou 3,86 milhões de passageiros, menos 70,2% do que no mesmo período do ano anterior.
Em Julho, o Governo Português adquiriu acções de accionistas privados da TAP, aumentando sua participação para 72,5%, de 50%, mas evitando uma nacionalização completa. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)