© Reuters A crise tece-se no horizonte
A produção no setor têxtil já regressou aos níveis pré-pandemia na Europa mas nem por isso o cenário é animador. Os custos de produção explodiram e o problema começa com a escassez de matéria-prima. Só preço do algodão, essencial para o setor, aumentou mais de 70% nos últimos doze meses.
A situação agrava-se com a incerteza provocada pelo caos na cadeia de abastecimento. Rui Martins, Presidente do Conselho de Administração da Inovafil, dá o exemplo de um carregamento proveniente da China, que além de custar dez vezes mais que o habitual, demora agora até quatro meses a ser entregue, quando antes demorava cinco semanas, e não existe nenhuma informação sobre onde se encontra a carga nem quando vai ser entregue.
O golpe que poderá ser fatal para a indústria têxtil em Portugal foi a explosão no custo da energia. O aumento dos preços para o consumidor é inevitável e os produtores pedem ao Estado que intervenha.
Joaquim Almeida, administrador da JF Almeida, teme que várias empresas sejam obrigadas a fechar portas se o governo não intervir, por exemplo, com uma redução da carga fiscal.
O efeito dominó não tem fim à vista e a crise que se adivinha promete afetar vários quadrantes, desde os produtos básicos de uso diário à roupa de luxo produzida em Portugal para as grandes marcas do vestuário.