© Reuters.
(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 3 Fev (Reuters) – O dólar tinha leve queda ante nesta quarta-feira, refletindo o clima mais tranquilo nos mercados internacionais, com os investidores domésticos ainda em busca de sinais sobre como será o ritmo da agenda de reformas do governo sob as novas presidências da Câmara e do Senado e de olho nas perspectivas para as contas públicas do Brasil.
Às 10:28, recuava 0,09%, a 5,3515 reais na venda, depois de ter chegado a tocar 5,3797 reais na máxima do dia e 5,3249 reais na mínima.
O contrato mais negociado de dólar futuro tinha queda de 0,36%, a 5,351 reais.
Segundo Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, o comportamento desta manhã era reflexo do pregão da véspera, quando a moeda norte-americana à vista teve baixa de 1,70%, a 5,3562 reais na venda.
“A volatilidade da semana passada deixou o mercado avesso a risco”, explicou, referindo-se a um frenesi do trading de varejo que recentemente impulsionou ativos extremamente vendidos, como as ações da GameStop GME.N e a prata, mas já perdeu força.
Agora, com as compras frenéticas para trás, “o mercado se acalmou e foi para um cenário mais ‘risk-on'”, embora o dólar pudesse apresentar ajustes contra o real depois da forte queda da véspera.
O contra uma cesta de rivais =USD apresentava leve alta de 0,1% nesta manhã, enquanto lira turca e rand sul-africano avançavam contra a moeda norte-americana.
Enquanto isso, os desdobramentos políticos em Brasília colaboraram para a forte valorização do real na terça-feira depois que Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) venceram as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, elevando as perspectivas de retomada da agenda de reformas do governo de Jair Bolsonaro.
“Tivemos uma eleição totalmente alinhada com o governo, e o mercado teve uma leitura de que isso pode facilitar aprovações” de propostas do Executivo, explicou Morelli, citando esperanças de que haja soluções mais fáceis para problemas que há tempos incomodam os mercados, como os níveis recordes da dívida pública e os temores de desrespeito à meta de gastos em 2021.
Mas, apesar do alívio momentâneo com as perspectivas de melhor ritmo no Congresso, o cenário doméstico continua apresentando riscos e incertezas.
“O fato é que a pandemia continua sendo uma incógnita para a dinâmica da retomada da atividade econômica no país, e a vacinação se desenvolve em ritmo aquém das expectativas, e este problema suga ‘energias’ do país”, escreveu Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
“Isto compromete as expectativas, e a renovação nas presidências do Congresso enseja expectativas muito imediatas a respeito, que (…), se não se confirmarem, podem causar desalento.”
Política à parte, outros fatores eram apontados como relevantes para a dinâmica cambial no curto prazo, com a expectativa de alta da taxa Selic pelo Banco Central ainda no primeiro semestre deste ano devendo ajudar na valorização da moeda brasileira.
“Abrir o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos sempre é favorável à moeda local”, explicou Mauro Morelli, que completou dizendo que é necessário acompanhar se a tendência de desvalorização mundial do dólar vai continuar nos próximos meses ou não.
O Banco Central anunciou para este pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021. (Por Luana Maria Benedito Edição de Camila Moreira)