Cartel seguros recebe ‘maior coima de sempre’, Zurich e Lusitânia condenadas: AdC


© Reuters. Cartel seguros recebe ‘maior coima de sempre’, Zurich e Lusitânia condenadas: AdC

LISBON, 1 Ago (Reuters) – Dois anos após a abertura de uma investigação a um “cartel” no sector financeiro, a Autoridade da Concorrência (AdC) puniu seguradoras com uma multa de mais de 54 milhões de euros (ME), a mais elevada de sempre em Portugal, e condenou a Lusitânia e a Zurich.

Em comunicado enviado às redações na quinta-feira, a AdC disse que condenou a Lusitania e a Zurich, dois administradores e dois directores a uma coima superior a 42 ME, valor ao qual se junta os 12 ME já pagos pela Fidelidade e Multicare

“As empresas envolvidas no cartel combinavam entre si os valores que apresentavam a grandes clientes empresariais na contratação de seguros de acidentes de trabalho, saúde e automóvel, apresentando sempre valores mais altos, de modo a que a seguradora incumbente mantivesse sempre o cliente,” revelou a AdC.

A investigação teve início em maio de 2017 na sequência de um requerimento de dispensa ou redução da coima apresentado pela Seguradoras Unidas à AdC, no que foi seguida pela Fidelidade e pela Multicare.

A AdC explicou que nos meses seguintes, em julho e junho de 2017, a autoridade realizou diligências de busca e apreensão em instalações das empresas. As buscas levaram a uma acusação contra cinco seguradoras: Seguradoras Unidas, a Fidelidade, a Multicare, a Lusitania e a Zurich.

Segundo a AdC, a Seguradoras Unidas “foi a única companhia de seguros a beneficiar de dispensa total de coima no processo, por ter sido a primeira a denunciar e apresentar provas da participação no cartel”.

Adiantou que “a investigação desenvolvida permitiu concluir que o envolvimento da Lusitania no acordo de repartição de mercados através da alocação de clientes incidiu sobre os sub-ramos de acidentes de trabalho e automóvel e o da Zurich sobre o sub-ramo acidentes de trabalho, pelo menos, entre 2014 e 2017”.

Agora condenadas, a Lusitania e a Zurich exerceram o seu direito de audição e defesa, disse a AdC.

(Por Catarina Demony)