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Por Catarina Demony
LISBOA, 15 Mar (Reuters) – Mesmo atrás da máscara, José Pinho, de 67 anos de idade, não conseguiu esconder a felicidade de ver os dois primeiros clientes entrarem na sua livraria de Lisboa após um doloroso confinamento o ter forçado a fechar as portas.
Pinho está aliviado por a Ler Devagar estar entre as poucas empresas autorizadas a reabrir na segunda-feira, à medida que o governo vai aliviando lentamente um confinamento imposto em meados de Janeiro para controlar o que era então o pior surto de coronavírus do mundo.
Embora a pandemia tenha abrandado, melhores tempos ainda estão longe.
Nenhuma crise na história recente atingiu tão duramente a economia portuguesa, dependente do turismo, com o PIB do país a diminuir 7,6% no ano passado, a sua maior quebra anual desde 1936.
A livraria de Pinho, numa antiga fábrica tornada ‘hub’ creativo, um dos locais mais fantásticos da cidade, é popular entre os turistas, mas estes não se encontravam em lado nenhum e as ruas estavam quase desertas.
“Há uma crença que nunca me deixa: isto vai acabar”, disse Pinho à Reuters enquanto estava rodeado de livros. “O problema é quanto tempo vai demorar e em que condições vamos viver até lá”. Esse é o grande drama”.
As receitas da Ler Devagar caíram 52% no ano passado. Mas 2021 está a afectar o negócio ainda mais duramente, disse Pinho. As receitas caíram 88% em relação ao ano anterior, entre Janeiro e Março.
Texto integral em inglês: Catarina Demony; Reportagem adicional por Miguel Pereira e Pedro Nunes; Editado por Andrew Cawthorne; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)