Portugal melhor preparado desaceleração global, usará estabilizadores orçamento-PM


© Reuters. Portugal melhor preparado desaceleração global, usará estabilizadores orçamento-PM

Por Sergio Goncalves

LISBOA, 19 Set (Reuters) – Portugal, com as suas finanças disciplinadas e a credibilidade externa restabelecida, está melhor preparado para enfrentar uma maior desaceleração da economia global, tendo agora margem orçamental para deixar funcionar os estabilizadores automáticos se for preciso, disse o primeiro-ministro.

Num almoço-debate com empresários, António Costa disse que, “apesar do cenário desaceleração da economia global, Portugal tem continuado a crescer mais do que a média europeia e mais do que muitos dos parceiros da União Europeia (UE)” – o Governo estima um crescimento de 1,9% em 2019 contra 2,2% em 2018.

Adiantou que o actual “crescimento é virtuoso pois é suportado pelo investimento empresarial e exportações, e não teria sido possível sem o rigôr e a disciplina orçamental” – o défice previsto é de 0,2% do PIB este ano contra 0,5% o ano passado.

“Temos motivos para estar confiantes desde que seja possível assegurar estabilidade e sustentabilidade (políticas)…Estamos hoje mais imunizados do que estávamos no passado pois temos menos dívida, temos mais credibilidade e temos melhor notação (financeira) e portanto seremos menos afectados”, afirmou.

“Além disso, hoje temos mais músculo porque a execução orçamental (…) permite que os estabilizadores eutomáticos possam funcionar dentro das margens (do Pacto de Estabilidade)”, disse, referindo-se ao mecanismo que deixaria o défice aumentar com aumento de despesas sociais e de investimentos em períodos de contração.

Realçou que importante é “também o facto do próprio Estado já ter lançado 10.000 ME de investimentos públicos e o conjunto de investimentos do sector privado já anunciados pelo sector privado – nomeadamente no PT2020 – asseguram também um músculo forte de investimento”.

O primeiro ministro disse que este ano a dívida pública vai descer para 118% do PIB, face aos cerca de 122% em meados do ano, e o objectivo é chegar ao final da próxima legislatura – em 2023 – abaixo dos 100% do PIB.

António Costa, que tem capitalizado o crescimento aliado à descida das ‘yields’ para mínimos históriocos, disse que em 2019 Portugal vai pagar menos 2.000 ME em juros do que em 2015.

O primeiro ministro espera que o mercado consiga descer face aos preços máximos do imobiliário em Portugal, que afastam os lojistas e moradores dos centros de grandes cidades como Lisboa, caso contrário terá de haver uma intervenção pública.

“A grande probabilidade é que corresponda a um pico de mercado, que felizmente não será duradouro e voltaremos a ter estabilidade”, afirmou.

“Espero que o mercado seja capaz de se auto-regular, que o mercado se ajuste assim, senão teremos de ajudar o mercado a ajustar-se assim – essa é uma das funçoes do poder público, do Estado, é ter uma função reguladora do mercado”, concluiu. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)