LISBOA, 4 Set (Reuters) – O português responsável pelo site Football Leaks disse no início do seu julgamento nesta sexta-feira que estava “orgulhoso” de ter denunciado as vastas transações de dinheiro dos grandes clubes de futebol europeus.

Rui Pinto, um ex-estudante de história de 31 anos e perito informático autodidacta, enfrenta 90 acusações – de acesso não autorizado a dados e violação de correspondência a tentativa de extorsão – no caso a ser julgado pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa.

“Não sou ‘hacker’, sou denunciante,” disse o arguido, que usou uma máscara anti-coronavírus e vestiu calças de ganga e ténis, e aparentou manter-se composto durante a declaração inicial.

“As revelações que fiz são graves e são para mim motivo de orgulho e não de vergonha. Nunca recebi dinheiro pelo que fiz”, acrescentou Pinto, que reconhece ter divulgado 70 milhões de documentos sobre o funcionamento dos bastidores no mundo do futebol.

Pinto também assumiu a responsabilidade pela divulgação de centenas de milhares de processos sobre alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano mas disse ao tribunal que os seus esforços como denunciante já tinham acabado.

“O meu trabalho como ‘whistleblower’ está terminado”, disse Rui Pinto.

Angola já deu início a investigações criminais no caso de Isabel dos Santos, mas a empresária negou repetidamente os crimes.

Texto integral em inglês: (Reportagem de Catarina Demony e Miguel Pereira, traduzido para português por Maria Gonçalves em Gdansk Newsroom; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)