Por Victoria Waldersee e Sergio Goncalves

LISBOA, 10 Out (Reuters) – O Banco de Portugal (BP) prevê que a economia portuguesa se expanda 2,0% em 2019, abaixo dos 2,4% de 2018, devido ao desacelerar das exportações com o previsto abrandamento do comércio mundial e ao moderar do consumo privado, apesar da robustez do investimento.

No Boletim Económico, o BP refere que estas projecções para 2019 incorporam a nova série do PIB recentemente publicada pelo Instituto Nacional de Estatítica, que ditou o aumento das taxas de crescimento nos últimos anos. Assim, a nova estimativa de crescimento do PIB em 2019 não é comparável com a projecção de 1,7% feita pelo banco central em Junho último.

“(Haverá a) continuação da expansão da economia portuguesa, pelo sexto ano consecutivo, embora a um ritmo inferior”, disse o BP, realçando que o crescimento de 2,0% deverá ser 0,9 pontos percentuais acima do estimado pelo BCE para a zona euro.

Explicou que “num contexto de abrandamento da actividade mundial, e de forma mais marcada, do comércio mundial”, as exportações deverão crescer anpenas 2,3% em 2019 contra 3,8% em 2018.

Mas, os exportadores portugueses deverão registar ganhos de quota nos mercados externos, “sobretudo nos sectores de turismo e de produção automóvel”.

O consumo privado deverá crescer 2,3% este ano, aliviando face aos 3,1% do ano passado, “reflectindo a evolução do consumo corrente e dos gastos em bens duradouros”. O consumo público também é visto a crescer menos: 0,5% em 2019 versus 0,9% em 2018.

A componente mais dinâmica deverá ser a formação bruta de capital fixo (FBCF), que estima crescer 7,2% em 2019 contra 5,8% em 2018, suportado em especial pela construção devido à execução de alguns projectos de infraestruturas de grande dimensão.

O banco central refere que os riscos destas previsões são “descendentes e maioritariamente externos”: maior desaceleração mercados de exportação; tendências proteccionistas; Brexit sem acordo e agravamento tensões geopolíticas.

A economia deverá manter capacidade de financiamento, o excedente da balança corrente e de capital deverá representar 0,5% do PIB este ano, reduzindo-se face aos 1,4% do ano passado.

O BP vê a taxa de desemprego a cair para 6,4% no fim de 2019, versus 7% em 2018.

(Editado por Patrícia Vicente Rua)